domingo, 29 de maio de 2016

Do abandono

Vontade é uma coisa louca que dá e passa, mas às vezes fica aquela coceirinha no queixo que se você mexer demais vira ferida.
Minha história com esse blog é mais ou menos assim, várias vezes a vontade veio e passou, só que hoje eu comecei a coçar nesse lugar no queixo até que doeu e aí eu resolvi que queria voltar. Mas voltar pra que? O que eu quero escrever? E mais do que isso, o que eu tenho pra contar?
Sei não.
Eu sei que hoje também eu resolvi abrir o computador e ler um blog de uma mulher, que eu sigo no instagram e tive uma relação completamente diferente ao abrir a página do blog no computador, sentar pra ler e realmente ver as fotos, não ficar curtindo uma ou outra rapidinho igual eu sempre faço.
A verdade é que desde que me deparei com ela e li a história dela eu fiquei fascinada, dessas coisas que eu tenho de empolgar demais com uma história e começar a acompanhar e de certa forma viver aquilo também.
E hoje me deu vontade de fazer que nem ela, de ter uma família enorme, parir quatro filhos nos próximos anos e vender minha casa em Londres, meu sofá de veludo amarelo e meu land rover que tinha lugar pra todas as crianças (essa parte é da minha cabeça mesmo) e cair no mundo por um ano. 
Eu tenho um misto de fascinação e inveja de quem se larga no mundo assim.
Mas o que eu mais acho incrível dessa pessoa, em particular, é que ela foi com a família toda, quatro filhos. Sempre ouvi minha mãe dizer que eu não deveria ter filhos tão nova que nem ela, que eu deveria viajar muito antes de fazer isso, que ela queria ter feito mais isso, que certa é a amiga dela que ficou rica, rodou o mundo se casou depois dos 30 e teve filho com quase 40, essa sim fez as coisas do jeito certo. E aí me aparece essa mulher que resolveu cair no mundo com 4 crianças, a mais nova tinha 2 quando eles saíram de viagem. Talvez seja esse pedacinho hippie inconseqüente do meu espírito falando mais alto, mas a verdade é que eu acho que queria muito mais ser do tipo dessa mulher do que do da amiga da minha mãe. 
Eu sempre procuro histórias assim, de gente que larga tudo e vai rodar o mundo. E aí eu penso "nossa, quero fazer isso também", só que eu não tenho bem o que largar. E tem hora que eu acho que me falta coragem demais pra fazer isso e eu penso que não quero fazer sozinha, que preciso terminar uma faculdade antes disso (coisa que já se arrasta há 8 anos, mas isso já é história pra outra publicação e quem sabe até outro blog, não, foco) e juntar dinheiro e planejar bem, ah, tá aí o que me falta, planejamento, porque mesmo pra quem vai se lançar assim, no que pra mim parece ser abstrato demais, tem um plano concreto e isso é coisa que eu não sei fazer ainda, então fico nessa de sonhar quando eu vou ter o emprego e casa dos sonhos que eu vou querer largar pra viver essa viagem dos sonhos.
 Pro dicionário Aurélio, abandonar tem os seguintes significados:
1 Deixar ao desamparo; deixar só.
2 Não fazer caso de.
3 Renunciar a.
4 Fugir de, retirar-se de.
5 Deixar o lugar em que o dever obriga a estar.
6 Soltar, largar.
7 Dar-se, entregar-se.
8 Desleixar-se, não cuidar de si.
E esse verbo, que eu sei muito bem conjugar, começa a ganhar novo significado pra mim, não mais de entregar-me ao desânimo e fugir de mim mesma, começo desabandonando esse espaço aqui e entregando-me a mim mesma de novo, pra quem sabe um dia me largar por aí também.

Ah!O blog é esse aqui. E o instagram é esse!